Em 2015 a Petrobras registra prejuízo recorde de R$ 34,836 bilhões
- Em Primeira Mão "Quem lê gosta!"
- 27 de abr. de 2016
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De acordo com dados divulgados pela Petrobras, no dia 21-03, 2015 foi o ano que mais trouxe prejuízos para a estatal. Em números a empresa registra perda de R$ 34,836 bilhões.
Conforme os dados da Economatica para as perdas anuais registradas pela companhia, mostra que a queda nos lucros de 2015 superou a de 2014 quando chegaram a R$ 21,587 bilhões. A maior parte veio do ajuste, para baixo, no valor dos ativos (reservas, plataformas, campos etc) da companhia.
Este é o primeiro balanço anual da gestão de Bendine, que em meio à crise detonada pela devassa das investigações da Operação Lava Jato, assumiu a presidência da estatal em fevereiro de 2015, no lugar de Graça Foster.
A empresa relacionou o prejuízo recorde ao ajuste de ativos e de investimentos, "principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda do grau de investimento (R$ 49,748 bilhões)" e pelas "despesas de juros e perda cambial (R$ 32,908 bilhões)". Pesou ainda a queda de 5% nas receitas e a queda dos preços de exportação de petróleo e derivados.
Ou seja, por conta de condições de mercado menos favoráveis e da despesa com a desvalorização do real, a Petrobras agora estima que seus ativos (reservas, plataformas, campos etc) valem R$ 47,6 bilhões a menos do que era estimado até então.
A maior parte do ajuste aconteceu nos campos de produção de óleo e gás, na ordem de R$ 33,7 bilhões. Somente a revisão geológica do reservatório de Papa-Terra resultou em uma revisão de R$ 8,7 bilhões.
Em 2014, a companhia reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões, após ter reavaliado uma série de projetos, principalmente a Refinaria Abreu e Lima e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Segundo Mário Jorge da Silva, gerente executivo de Desempenho Empresarial da Petrobras, a maior parte da baixa de ativos em 2015 está associada à menor expectativa dos preços de petróleo em longo prazo.
Somente nos 3 últimos meses do ano passado, a Petrobras teve prejuízo foi de R$ 36,938 bilhões, após ter registrado no 3º trimestre prejuízo de R$ 3,759 bilhões. No 1º e 2º trimestres, a companhia reportou lucros de R$ 5,33 bilhões e de R$ 531 milhões, respectivamente.
No 4º trimestre de 2014, a petroleira tinha registrado perda de R$ 26,6 bilhões – até então o maior prejuízo trimestral da história –, em balanço que calculou as perdas por corrupção em R$ 6,194 bilhões.
Além da queda dos preços internacionais do petróleo, o resultado financeiro da Petrobras tem sido pressionado pelo alto endividamento. Na comparação com dezembro de 2014, o endividamento líquido aumentou 39% no final do 4° trimestre, principalmente em decorrência da desvalorização de 47% do real frente ao dólar.

A dívida líquida da Petrobras subiu em 2015 e tornou a petroleira a segunda empresa de capital aberto mais endividada da América Latina e Estados Unidos. No final de 2014, o endividamento líquido total era de R$ 282 bilhões, passando para R$ 402,3 bilhões no final de setembro.
No final de dezembro do ano passado, entretanto, a dívida líquida recuou para R$ 391,9 bilhões, segundo balanco divulgado nesta segunda-feira. Em dólar, o endividamento líquido recuou 5% em 1 ano, para US$ 100,379 bilhões, segundo a estatal.
O resultado causou estranheza no mercado, uma vez que até o 3º trimestre a Petrobras acumulava no ano lucro de R$ 2,102 bilhões. A média das estimativas de seis analistas consultados pela Reuters apontou um lucro líquido de quase R$ 4 bilhões para o quarto trimestre.
Além da revisão dos ativos (impairment), a forte valorização do dólar no ano passado e as despesas maiores com juros ajudaram a piorar o resultado da estatal, além da perda do grau de investimento da companhia pelas principais agências internacionais, diz Pires.
Para enfrentar a escalada da dívida, a estatal anunciou um plano de venda de ativos ereduziu em 24,5% o plano de investimentospara o período 2015-2019, para US$ 98,4 bilhões. A Petrobras anunciou também um plano de desinvestimento que chega a US$ 15,1 bilhões até 2016.
Em 2015, o montante levantado com vendas de ativos somou US$ 700 milhões. Entre as negociações em andamento, está a venda de campos terrestres e de fatia na Petrobras
Em janeiro, a empresa anunciou um corte de pelo menos 30% do número de funções gerenciais em áreas não operacionais. Em 2015, a estatal atingiu uma produção média de petróleo de 2,128 milhões de bpd no país, novo recorde histórico.
Os cortes no orçamento, entretanto, levaram a Petrobras a reduzir sua projeção de produção para 2016 de 2,185 milhões de barris por dia para 2,145 milhões de bpd. Para 2020, a estimativa caiu de 2,8 milhões de bpd para 2,7 milhões de bpd.
Bendine afirmou durante a coletiva aos jornalistas que não haverá distribuição de dividendos (pagamento de parte dos lucros da empresa) da estatal este ano. "Nem funcionários nem diretoria farão distribuição de participação", disse.
O início da operação da refinaria Comperj, em Itaboraí (RJ), foi novamente adiado, agora para 2023, devido à dificuldade de encontrar um sócio para o projeto que carregue investimentos necessários para a conclusão da obra, informou Celestino.
Devido ao adiamento, a baixa contábil do ativo no quarto trimestre de 2015 foi de R$ 5,3 bilhões. "Ficou para 2023, será um único trem (unidade de refino, no jargão do setor). Até agora o investimento (é de) US$ 14 bilhões", afirmou.

As ações preferenciais da Petrobras acumularam queda de 33% no ano passado, e as ordinárias, de 10,64%. Em valor de mercado na Bovespa, a companhia encolheu R$ 26,1 bilhões, para R$ 101,3 bilhões, segundo a Economatica.
Em 2016, entretanto, os papéis da Petrobras passaram a subir forte em fevereiro e março, e acumulavam até a última sexta-feira (18) alta de mais de 21% no ano, elevando o valor de mercado para R$ 122 bilhões – ainda que bem abaixo da máxima histórica registrada em maio de 2008, quando a estatal chegou a valer na bolsa R$ 510,3 bilhões.
A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril de 2014, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção e reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões.
O prejuízo causado pelas irregularidades descobertas pela Lava Jato, no entanto, pode chegar à R$ 42,8 bilhões, segundo laudo de perícia anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da Lava Jato.
A estatal enfrenta um série de processos nos exterior em razão de perdas bilionárias decorrentes das investigações sobre suborno e propina envolvendo a companhia. Em fevereiro, um juiz dos Estados Unidos abriu caminho para que investidores processem a Petrobras em grupo.
No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões.
Desde a primeira das 25 fases já deflagradas pela Lava Jato, já foram recuperados R$ 2,9 bilhões para os cofres públicos, segundo a força-tarefa da investigação.
Veja abaixo a lista dos resultados do impairment de ativos da petroleira:
- Campos de produção de óleo e gás no Brasil (diversas UGCs) 2015: R$ 33,7 bilhões (Papa-Terra: R$ 8,7 bilhões).
- Comperj 2015: R$ 5,2 bilhões
- Campos de produção de óleo e gás no exterior 2015: R$ 2,4 bilhões
- Equipamentos vinculados à produção de óleo e gás e perfuração de poços 2015: R$ 1,9 bilhão
- UFN III 2015: R$ 1,9 bilhão
- Complexo Petroquímico Suape 2015: R$ 782 milhões
- UFN V 2015: R$ 585 milhões
- Usinas de Biocombustível 2015: R$ 181 milhões
- 2º trem de refino da RNEST 2015: -
- Refinaria Nansei Seikiyu K.K. (Japão) 2015: -
- Outros 2015: 730 milhões
- Total do ajuste em ativos 2015: 47,6 bilhões
Com Informações do G1
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